Novo álbum da cantora traz repertório de seus shows e músicas da memória afetiva.
Maria Rita volta a experimentar a sonoridade de seus dois primeiros álbuns no novo CD Elo, lançado pela Warner Music. Depois de dois anos e meio viajando na turnê do álbum Samba meu, ela juntou canções que vinha apresentando ao vivo e composições que ficaram de fora dos discos anteriores. No meio do caminho entre o trabalho anterior e os próximos projetos apresenta um disco no estilo a cantora e sua banda, simples assim. Mas nem por isso sem ter seu charme.
Como o próprio título deixa claro Elo é álbum "do meio", e nessa entressafra sua voz mais uma vez faz par com o clássico jazzy-trio piano+bateria+baixo acústico. Maria Rita volta a cantar Rita Lee, em parceria com Roberto de Carvalho, no doce fox Só de você. A música já vinha sendo apresentada em shows da cantora assim como Santana, composição de Junio Barreto e João Araujo lançada por Gal Costa, Conceição dos coqueiros de Lula Queiroga, Alexandre Bicudo e Lulu Oliveira, além de Nem um dia sucesso de Djavan. Outro do rol de favoritos de Maria Rita, Marcelo Camelo já tinha garantido presença no set list com sua A outra. "Cantarolava essa música pelos cantos da minha casa há anos", revela no encarte que traz notas sobre as gravações.
A memória afetiva também serviu de norte para Maria Rita montar o repertório de Elo. Apaixonada pelo espetáculo O grande circo místico, retoma com vigor a deliciosa - e tão cantada, mas não gasta - A história de Lilly Braun, de Chico Buarque e Edu Lobo. E ainda Menino do Rio, composição de Caetano Veloso, que Maria Rita se lembra de, na infância, cantar imitando Baby Consuelo e retomou em uma recente participação no programa de TV com Domenico, Pedro Baby, Renato Brasa e Candé Sales. Dessa canja improvisada ainda levou para o estúdio Coração a batucar, de Davi e Alvinho Lancellotti, e Pra matar meu coração de Pedro e Daniel Jobim.
Linda canção de Fred Martins e Francisco Bosco que havia sido gravada mas não entrou no repertório do álbum Segundo, Perfeitamenteganha nova chance com arranjo exatamente igual do anterior. E, ligando o elo aos sambas do trabalho anterior, Coração em desalinho, grande clássico de Monarco e Ratinho, foi gravado para trilha de novela e entra aqui como bônus no final do disco.
Elo é álbum rápido e simples com a elegância de Maria Rita. Gravado em apenas dez dias não tem pretensão de um trabalho conceitual ou um disco de carreira. Apenas um álbum de recortes, mantendo a unidade nos arranjos e na linda voz da cantora. Presente para fãs, para atender a gravadora, souvenir para eternizar repertório do show descompromissado e um gostoso registro comercial de uma - frutífera - entressafra. Afinal, mesmo sem compromisso, um álbum de Maria Rita tem mais importância do que vem se ouvindo por aí, e isso já vale muito.
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