domingo, 16 de maio de 2010

ELAS


A mulher em algumas civilizações, durante muitos anos, teve papel diferenciado do homem, tendo tratamento direcionado à responsabilidade pela procriação e perpetuação da espécie.

Na poesia, na música e na arte, sempre foi musa inspiradora de grandes paixões, mas nem sempre homenageada de forma aberta, liberal.
Enquanto musicista, a mulher não tinha oportunidade para mostrar o talento que possuía.
Com o passar do tempo, através de insistências de personalidades fortes do universo feminino, o cenário começou a mudar...
No Brasil do século XIX, um nome já começava a demonstrar o poder que a mulher também poderia ter na música: Chiquinha Gonzaga. A maestrina, musicista destacada e militante abolicionista.
Derrubou as barreiras entre a música dos grandes salões da elite branca e as manifestações estéticas do escravo negro.
A primeira composição para o Carnaval foi dela, a marcha “Ô abre alas”, composta em 1880.
Os anos passaram e a mulher continuou lutando por suas causas, começando a abrir cada vez mais o seu espaço na música.


A personalidade de Carmem Miranda, que mesmo de nacionalidade portuguesa se considerava brasileira de coração e alma, foi de suma importância na divulgação da voz feminina para o mundo.

Lançou em 1930 o grande sucesso de carnaval “Pra você gostar de mim” (“Taí”) de Joubert de Carvalho.
Em 1933 assinou um contrato de dois anos com a rádio carioca Mayrink Veiga, fechada em 64 após o golpe por ter entre seus sócios o ex-governador Leonel Brizola, cunhado do presidente deposto João Goulart.
A partir daí as chamadas cantoras do rádio começam a aparecer cada vez mais. Nomes como Carmélia Alves, Ellen de Lima, Nora Ney, Violeta Cavalcanti, Zezé Gonzaga e Rosita Gonzalez reinaram absolutas cantando o Brasil pré-bossa-nova.


Emilinha Borba foi considerada uma das mais famosas cantoras, ganhando o título de Rainha do Rádio.

Enquanto isso, longe das disputas pelo trono, mas de grande importância no meio, Maysa marcava a cena com suas canções melancólicas como “Meu mundo caiu” e “Ouça”, além de aparecer nas revistas das épocas em decorrência de seu temperamento forte e vida boemia.
Suas canções se tornaram do gênero fossa, mas mesmo assim Maysa arrastava fãs por onde passava. Ao lado dela destacam-se também nomes como Nora Ney, Ângela Maria e Dolores Duran.
Um exemplo de persistência, dessa época, na carreira é a irreverente Elza Soares, que se lançou em 1958 e até hoje é aclamada por muitos fãs. Por onde passa é notada. A primeira canção que se tornou popular foi “Se acaso você chegasse”.
Elza já teve inúmeras músicas no topo das listas de sucessos como “Boato” (1961), “Só danço samba” (1963), “Mulata assanhada” (1965) e “Aquarela brasileira” (1974).
Já nas décadas de 60 e 70 importantes cantoras, até hoje, como Maria Bethânia, Gal Costa, Rita Lee e Nara Leão surgem no cenário musical.
Nara que já cantou ao lado de grandes nomes da MPB como Chico Buarque, Vinicius de Moraes e Carlos Lyra, estes últimos com quem fez sua estréia em 63 na comédia Pobre menina rica, era considerada musa da bossa-nova, passando seu título mais tarde para Elis Regina.
Elis, dona de performances poderosas e temperamento forte, interpretava o estilo fino da bossa nova, firmando-se como uma das maiores referências das vozes da MPB, até os dias de hoje.

Ainda em meados dessas décadas ocorriam os Festivais de Música Popular Brasileira. Um gênero de programa competitivo e musical apresentado por várias emissoras de televisão do Brasil como TV Excelsior, TV Record, TV Rio e Rede Globo.

A primeira edição, realizada no Guarujá – litoral de São Paulo (SP), teve o primeiro lugar ocupado por Elis Regina interpretando “Arrastão”, canção de Edu Lobo e Vinicius de Moraes.
 
Já a vencedora do II Festival foi Nara Leão, interpretando a animada canção de Chico Buarque, “A banda”.

No finalzinho dos anos 70, a estrela Ângela Rô Rô dá o ar dá graça lançando seu primeiro álbum, que se tornou um clássico da música brasileira ao selecionar o repertório com canções como “Gota de Sangue”, “Não há cabeça” e o sucesso “Amor meu grande amor”, regravado em 1996 pelo grupo Barão Vermelho.
Além deste, outros artistas que também regravaram suas músicas foram Maria Bethânia, Marina Lima, Toni Platão e Ney Matogrosso.
Nos anos 80 com o rock e os movimentos estudantis à flor da pele, a voz da carioca Fernanda Abreu na banda Blitz começa a encantar. Em 90 decide seguir carreira solo, tendo sucessos inesquecíveis como “Katia Flávia” e “Rio 40 graus”.
Ainda nessa década, a querida Rita Lee, que já é destaque desde 60, participou do especial realizado pela Rede Globo chamado Mulher 80, cuja finalidade era discutir o papel feminino na sociedade, abordando esta temática no contexto da música nacional e da inegável preponderância das vozes na MPB ao lado de nomes como Elis Regina, Maria Bethânia, Fafá de Belém, Zezé Motta, Marina Lima, Simone, Joanna e Gal.
Uma cantora consagrada também como compositora e produtora musical é Marisa Monte. Dona de uma voz forte e interprete de músicas tocadas até hoje como “Xote das meninas” e “Bem que se quis”, Marisa se destaca pela discrição que mantém sobre a sua vida pessoal.
Fernanda Takai, com seu jeito meigo e sua voz suave, gosta do estilo rock inglês e pop rock, mas também parte para o lado da MPB, influenciado pela família, o que a fez produzir o disco solo Onde brilhem os olhos seus em homenagem à Nara Leão.
É a presença feminina na banda Pato Fu, se destacando além de cantora como instrumentista e letrista.
Foi considera em 2001 como uma das melhores cantoras do mundo, através de uma pesquisa realizada pela revista americana Time.
Seguindo para a próxima década até os dias de hoje, a lista de nomes talentosos é grande!

Com vozes fortes e marcantes temos Cássia Eller, Ana Carolina, Luciana Mello e Paula Lima.
No tom doce encontramos Adriana Calcanhotto, Céu, Roberta Sá, Vanessa da Mata, Mariana Aydar, Izabella Taviani, Luiza Possi e Ana Cañas.
Sem deixar de mencionar a pura essência de Maria Rita, filha única de Elis, que encanta com o jeito e a voz que tem.
Sempre surpreendendo, seu último álbum, Samba meu faz a deliciosa combinação de samba com MPB, interpretando canções de grandes nomes como Gonzaguinha, Arlindo Cruz e Edu Krieger.
É pelo jeito de levar a vida, lutando, cantando, dançando e sorrindo que cada vez mais, novos nomes femininos surgem no cenário da música brasileira.
Com canções sobre a vida e amores de todas as formas, as mulheres encantam sempre, afinal não há como não se derreter ao ouvir as lindas vozes de nossas cantoras!

SITE NOVA BRASIL FM

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